Transtorno do Pânico e Agorafobia

O transtorno do pânico é uma das condições de ansiedade mais impactantes na vida de quem o vivencia. Ele vai além da ansiedade comum: envolve crises súbitas e intensas de medo, muitas vezes acompanhadas da sensação de perda de controle, de desmaio ou até mesmo de morte iminente. Quando associado à agorafobia pode limitar drasticamente a rotina e a autonomia da pessoa.

O que é o Transtorno do Pânico e Agorafobia?

O transtorno do pânico (TP) é um tipo de transtorno de ansiedade marcado por crises repentinas e intensas de medo, conhecidas como ataques de pânico. Esses episódios surgem de forma inesperada e provocam sintomas físicos como palpitações, falta de ar, tremores, tontura e sudorese, além de sintomas emocionais intensos — como o medo de perder o controle, enlouquecer ou até morrer. Após as primeiras crises, é comum que a pessoa desenvolva medo constante de ter novos ataques e comece a evitar lugares ou situações que acredita poderem desencadeá-los. Quando essa preocupação e essas mudanças de comportamento persistem por pelo menos um mês, pode-se suspeitar de TP.

A agorafobia, que frequentemente aparece junto com o transtorno do pânico, é o medo intenso de estar em situações das quais seria difícil escapar ou onde a ajuda não estaria prontamente disponível — por exemplo, usar transporte público, estar em multidões, em locais fechados ou sair de casa sozinho. Esse medo leva a comportamentos de evitação importantes, prejudicando a rotina e a qualidade de vida.

Por que o transtorno do pânico acontece?

O transtorno do pânico não tem uma causa única — ele surge de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais.

Cérebro e neurotransmissores: mudanças no chamado “circuito do medo” — que envolve regiões como a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal — e alterações nos níveis de substâncias químicas como serotonina e GABA tornam o cérebro mais reativo a sinais de ameaça.

Genética: pessoas com familiares de primeiro grau diagnosticados com TP têm um risco maior de também desenvolver o transtorno.

Estresse e experiências precoces: traumas na infância e exposição prolongada ao estresse aumentam a vulnerabilidade ao transtorno.

Perfil emocional: traços como neuroticismo (tendência a emoções negativas intensas) e alta sensibilidade à ansiedade também estão associados ao surgimento do TP.

Quem pode ter e quando costuma começar?

O transtorno do pânico é mais comum do que parece. Estudos internacionais mostram que cerca de 13,2% das pessoas terão pelo menos um ataque de pânico ao longo da vida, e cerca de 1,7% desenvolverão o transtorno completo. Nos Estados Unidos, estima-se que 4,7% da população apresentará TP em algum momento da vida. Ele costuma surgir entre o final da adolescência e o início da vida adulta, sendo mais frequente entre 20 e 34 anos. As mulheres têm cerca do dobro do risco em comparação aos homens.
Além disso, aproximadamente 25% dos pacientes desenvolvem agorafobia associada, o que torna o quadro mais grave e com maior impacto no dia a dia.

Quem faz o diagnóstico? Como é feito?

O diagnóstico do transtorno do pânico é feito com base na história clínica e em critérios de diretrizes internacionais. É necessário que existam crises inesperadas e recorrentes, preocupação persistente com novos ataques ou mudanças comportamentais duradouras por pelo menos um mês.

Outros transtornos de ansiedade, como a ansiedade generalizada, a fobia social e as fobias específicas, podem ter sintomas parecidos. Além disso, é fundamental descartar doenças clínicas como hipertireoidismo, arritmias e outras condições, além de reações relacionadas ao uso de substâncias estimulantes, por essa razão, o diagnóstico deve ser realizado por um médico psiquiatra, profissional qualificado para integrar a análise clínica, psiquiátrica e laboratorial, garantindo maior precisão diagnóstica e segurança na condução terapêutica

Como é feito o tratamento?

O tratamento do transtorno do pânico envolve uma abordagem multifacetada que inclui psicoeducação, com o objetivo de explicar ao paciente a natureza do transtorno e orientá-lo sobre estratégias eficazes para lidar com as crises, além do uso de medicação adequada e, quando indicado, a realização de psicoterapia.

Importância do tratamento precoce

Buscar ajuda profissional logo nos primeiros sinais faz toda a diferença. O tratamento precoce aumenta as chances de remissão completa, reduz as recaídas e ajuda a prevenir complicações, como depressão, uso abusivo de substâncias e prejuízos no trabalho e nos relacionamentos.
Além disso, quanto mais cedo se inicia o tratamento, maior a adesão e menor o impacto emocional e social do transtorno. O cuidado especializado também contribui para quebrar o estigma e promover uma recuperação mais rápida e estável.

Considerações finais

O transtorno do pânico e a agorafobia podem transformar profundamente a vida de quem os enfrenta, limitando a liberdade e comprometendo a saúde mental. No entanto, há tratamento eficaz.

Reconhecer os sintomas, buscar avaliação psiquiátrica e seguir um plano terapêutico adequado permite ao paciente recuperar a qualidade de vida.

Se você ou alguém próximo apresenta crises de ansiedade intensas e repentinas, procure um psiquiatra. O acompanhamento especializado é o primeiro passo para recuperar o equilíbrio emocional e viver com mais qualidade.

 

 

Dr. Antonio Carlos Dutra

Médico Psiquiatra e Psicoterapeuta

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